Além
do Deserto (Fatum, # 1) de Érica Bombardi
O mundo de Fatum é iluminado por
dois sóis, mas a luz que o aquece durante o dia não espanta as sombras que se
arrastam no crepúsculo. As sombras cortam a noite com seus urros de destruição
e terror. Nada parece deter sua fúria que afoga o planeta em desertos.
O chanceler Tami, nobre da última
grande fortaleza, procura o rei fada, sábio que lhe dará a resposta à sua
pergunta, a única que importa, como deter as sombras, como restaurar a vida.
Mas o destino tem seus caprichos e escolheu se revelar somente a uma pessoa,
Thera. E aí há um problema, Thera não se importa com as sombras, ou Fatum, e mesmo
assim será arrastada em uma caravana formada pelo jovem Mikail, o felino Oberon,
o menino fada Lumi e o velho fada Nadar. Juntos, eles traçarão seus passos em
busca de um destino muito maior que o deserto.
Sobre
Erica Bombardi
Estudou na USP, no curso de
Editoração. Trabalhou na área dentro de editora por mais de 10 anos.
Publicou seu primeiro livro, Além
do Deserto, uma aventura de fantasia para jovens, com apoio do Proac. O livro
foi produzido inteiramente pela autora, com freelas da super revisora Aline e
das ilustrações de capa lindíssimas de Vitor.
Tem projeto de continuar o Além do
Deserto, na série Fatum, como livros independentes um do outro, mas com a mesma
ambientação no planeta Fatum.
Possuí rascunhos diversos, de vários
gêneros e temas. Pretende ir adiante: cortar, rabiscar, amassar, queimar etc.
Escrever nunca esteve em seus planos.
É uma novidade que acolhe com muita alegria.
Desafios da Autopublicação
O que estou aprendendo ao me autopublicar
(Érica Bombardi)
Vamos
imaginar que você esteja planejando lançar um livro de forma independente.
Todos estão comentando sobre isso, não? De como é fácil, rápido, lindo. Bem, eu
fiz isso e posso dizer que não é tudo de bom, nem de ruim.
Desde meu
tempo de faculdade, escuto que a autopublicação é um tiro no pé. Publicar não é
difícil, mas sim colocar o livro no mercado. Isso sempre foi verdade, mesmo
agora, em nossa época de contatos internéticos. É mais fácil do que antes o
era, divulgar sua obra e colocá-la à venda em livrarias, mas não é bolinho,
não. Já escutou aquela piada infame sobre como um editor se suicida? Ele pula
de cima de seu estoque. Bem, com a autopublicação é o mesmo risco.
Ponto
positivo
• Se você
não sabe produzir livros, contrate alguém que saiba. Pode não acreditar, mas
faz diferença. Um livro bem produzido tem nele trabalho profissional aplicado.
No meu caso, eu sempre trabalhei com produção de livros, então realizei a
maioria das etapas sozinha, mas, mesmo assim, contratei o serviço de uma ótima
preparadora de original e de um ilustrador para a capa do livro. Eu mesma
diagramei o livro no InDesign, fiz as leituras, a revisão de provas, composição
de capa, textos de capa etc. O legal de você mesmo fazer é que pode escolher
exatamente o que quer (isso raramente ou nunca aconteceria se você colocasse o
livro em uma editora).
• E-book:
o processo para fechar um livro como Epub ou Mobi é bem simples para quem
conhece o trabalho. Se você nunca diagramou um livro, contrate alguém que
saiba. Fechar um arquivo nesses formatos depende de um arquivo que tenha
passado por uma boa diagramação e conhecimento em depurar e corrigir erros em
ebook. Eu usei o livro da coleção Ebooks da Bytes e Types e já me bastou.
• Caso
você tenha apoio para publicação, tem o diferencial da tranquilidade na
publicação e comercialização. Se você não tem pressa para vender, pelo fato de
sua tiragem já estar paga, você pode pensar nas melhores formas de colocar sua
obra no mercado. Tente obter apoio para publicação. Veja editais do governo e
programas de apoio de empresas e centros culturais.
• Você
tem a chance de planejar o que fará com sua tiragem. Como o escritor e sua
produção ainda são quase desconhecidos pelo mercado, o escritor pode dedicar
parte de seus exemplares para divulgação em escolas, bibliotecas, blogues de
resenhadores, centros de leitura, mídia etc. Assim, sua obra passa a circular e
conquistar novos leitores. Eu, sendo totalmente desconhecida como escritora,
enviei meu livro para resenhadores na internet (a maioria deles faz resenha
também no youtube), pessoal da mídia, bibliotecas, além de parentes e amigos.
Meu foco é o de circular a obra. Como o livro teve apoio do PROAC, 20% da
tiragem é doada pela Secretaria de Estado da Cultura para o Programa São Paulo:
Um Estado de Leitores. A doação de parte da tiragem não influencia
negativamente sobre as vendas.
• Se você
não tem muita grana, pode investir em uma produção on-demand. Já tem muita
gráfica oferecendo esse serviço. Tenha o livro em papel.
• Sobre
divulgação, eu não consegui investir muito. Você pode anunciar em revistas
(super caro), em boletins on-line (caro), na TV (impossível), em metrô e ônibus
(possível) e na internet (como booktrailer, no facebook, no google etc.). Não é
apenas uma questão de desembolsar grana, mas, principalmente, de identificar
onde está seu público. E isso é bem difícil. Às vezes, mesmo sabendo onde esse
povo mítico está, e investindo pesado (como é o caso de editoras), você não
obtém retorno significativo. No meu caso, quando editora, já vi um investimento
que não teve um bom resultado. E no meu caso como escritora e editora indie,
aproveitei os recursos que tinha em mãos: fazer blogue com material sobre o
livro (inclusive planejamento de leitura para ser usado em sala de aula),
página no facebook para compra do livro, twitter, ter um canal no youtube,
mailing pessoal para envio de e-mail e um booktrailer. O meu maior investimento
foi o booktrailer (http://www.youtube.com/watch?v=byOVx6uLhFc , produção da
Animar Estúdio e narração de Arthur) e já percebi que foi ele que mais
conseguiu chamar a atenção do pessoal.
• Ainda
sobre divulgação, não imagine que, colocando seu livro em uma editora
tradicional (que não cobra pela produção) ou em uma editora que cobra, você
terá uma divulgação grande. Não terá. A editora te oferece um lançamento como
cortesia e o diferencial é que seu livro fica no catálogo dela. Mas, até aí, colocar
o livro no mercado é um trabalho árduo que nem toda editora realiza dedicando a
mesma atenção a todos os títulos de seu catálogo.
• Você
vai conhecer muita gente legal, que te dá uma chance, lê o que você escreve e
te incentiva a progredir e caminhar. Faça novas amizades e converse, troque
experiências. O mercado editorial não é fácil e não te dá dicas.
Ponto
negativo
• Caso
você não tenha apoio para publicação, você terá de pagar por todo processo, o
que é bem custoso. A produção e impressão de uma tiragem de 1500 exemplares,
por exemplo, dificilmente sai por menos de 10 mil reais. É muita grana.
• Se você
optar pela impressão on-demand, você não circula sua obra pelo mercado. Ou
seja, só pede teu livro quem te conhece. E quem te conhece? Aqui, a melhor
opção é se ter em casa uma tiragem mínima, uns 300 exemplares.
• A
colocação em livrarias é bem difícil, mas não impossível. Basta você procurar o
site da livraria e telefonar. Fale com o responsável pelo setor de compras.
Normalmente, a livraria fornece uma nota fiscal ou ela pede para que você o
faça. Você tem Nota Fiscal de circulação de produtos ao se cadastrar na
Secretaria da Fazenda de sua cidade (pode ser MEI) ou pode fornecer Nota Fiscal
Avulsa. A dificuldade que pode haver é que a maioria das livrarias quer Nota
Fiscal Eletrônica e o processo todo é bem moroso.
• A
colocação em distribuidores é quase impossível. Todos com os quais conversei
até o momento só aceitam representar editoras com catálogo sólido. A colocação
de um livro em um distribuidor é bem importante, uma vez que eles levam o livro
até vários postos comerciais de um estado e, até mesmo, podem entrar em
licitações de compra de governo. As compras de governo são o sonho das editoras
e escritores.
• O
mercado para ebooks atualmente é muito pequeno. Mesmo que você feche seu livro
em Epub e Mobi, terá pouca ou nenhuma venda. O livro em papel é ainda bem mais
consumido e lido.
• Você
vai conhecer muita gente legal, mas muita gente que verá em você uma chance de
aparecer. Cuidado. Uma coisa é resenharem Clarice Lispector, e outra é você.
Além de você ainda ser verde como escritor (como é meu caso), você pode ser
mais duramente criticado pelo simples prazer que outros têm em fazê-lo. Mas não
despreze nenhuma crítica, todas são bem-vindas. Um escritor cresce sendo
humilde e persistente.
• Tem
tanta Feira e Festa do livro, bate-papos, é fácil participar. Mentira. Não
pense que você vai vender na Bienal ou na Flip. Não vai. Para cada evento, você
terá de encontrar um livreiro que aceite levar seu livro para ser vendido. Não
é impossível, mas demanda tempo e paciência.
Chegando
a algumas conclusões
• É
sempre melhor tentar colocar sua obra em uma editora tradicional. Uma editora
que não cobre pela produção e te dê 10% de sua venda. Assim, você, escritor,
pode fazer o que gosta (escrever) e não lidar com burocracias comerciais e
financeiras. Se uma editora assim aceitar publicar sua obra, comemore e vá
fundo.
• Você
deve pesar muito bem a opção de colocar sua obra em uma editora que cobre pela
produção. Se você sabe diferenciar um trabalho bem feito, não tenha medo. Mas
tenha em mente que você irá pagar duas vezes, uma vez ao cobrir todos os custos
e depois ao receber apenas 10% (ou menos) do que a editora vender. A tiragem,
apesar de paga por você, não é sua. Avalie o catálogo da editora e pesquise se
os livros dela estão bem colocados em livrarias e distribuidores. Encontre os
escritores que já publicaram nela – é fácil achar qualquer um no facebook,
Orkut, twitter, skoob etc. – e converse com eles, pergunte se gostaram, como
foi. Há boas editoras sob demanda, procure.
• É
essencial buscar informação sempre. Informação sobre livrarias, tecnologia,
propaganda, escritores de sua área, feiras e eventos, enfim, sobre tudo.
• Uma
amiga me disse que todos somos vendedores. O escritor precisa exercitar seu
lado vendedor? Não sei. Ainda sou reticente sobre isso. Tenho a romântica ideia
de que o escritor tem é de escrever. Mas e daí? Vai viver do que? Da
boa-vontade do Estado, de mecenas, ou contando com a sorte? É, um escritor não
vai viver do que escreve. Raros são os casos em que tudo dá certo. Então tenha
sua profissão ganha-pão e escreva no tempo que você fizer sobrar.
•
Propaganda é a alma do negócio. Costumo dizer que negócio não tem alma, mas,
enfim, a propaganda é o diferencial. São muitos textos na internet, nas
livrarias, nas bibliotecas e nós não somos um país com tradição de leitura.
Quem se destaca, vende. Mas, escritores que já estão há muito nessa lida me
disseram que o que conta é a propaganda boca a boca e a sorte. Bem, boa sorte a
todos nós, então.
Vários
amigos me disseram que o ideal é que os escritores fossem mais unidos,
trocassem experiências e propiciassem um meio em que houvesse circulação de
notícias e informações. Eu acho isso bem difícil e, na real, não sei como
fazer, mas tenho algumas sugestões:
·
Monte sua editora com amigos escritores. Exemplos de
sucesso são a Não Editora, a Tarja, a Edith. Mas para dar certo é
imprescindível a atuação obsessiva de todos. Além de dinheiro, óbvio. Por
baixo, uma empresa recém-aberta tem o custo de uns mil e quinhentos só por
estar aberta. Some a isso todos os outros custos de serviços e produtos.
·
Se você é escritor e tem um blogue de resenhas,
passe a resenhar escritores nacionais conhecidos ou não. É o início de
circulação de informação e valorização de nossos artistas.
·
Crie diálogo constante com outros escritores.
Escritores têm de se unir mais. Não ter medo de conversar.
o Compartilhe o que aprendeu, seus erros e acertos.
o Compartilhe o que aprendeu, seus erros e acertos.
Saudações literárias, Érica Bombardi
Discordo que quando se paga a Edição o autor não é dono de seus livros. Claro que é. Entretanto, a Editora cobrará para fazer a distribuição dos livros.
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