"A ferramenta básica para a manipulação da realidade é a manipulação das palavras. Se você puder controlar significado das palavras, você pode controlar as pessoas que têm que usar as palavras." — Philip K. Dick
Dando uma lida na vida de Philip K.
Dick, refleti um pouco sobre a aventura que um escritor iniciante enfrenta para
se publicado, conhecido, lido e reconhecido. Não é fácil.
O
que faz com que uma pessoa possa se apresentar como escritor? Como começar
nesse meio tão insólito.
Nesse post dê uma olhada na vida do mestre Philip K. Dick. Também tem
as dicas que posso dar sobre a primeira
publicação, talvez já as tenha ouvido. Como sempre, comente, discorde ou
traga novas ideias.
Procure
os seus pares. A internet, com as comunidades, não deixa que
ninguém fique isolado. Interaja. Comente. Leia e seja lido. Você já sabe o que
escreve? Procure seu nicho. A própria net é a primeira vitrine dos seus textos.
Editora
por demanda. Mas, certifique-se que o seu livro está diagramado,
revisado e editado. Muitas dessas editoras não vão fundo nessas áreas. Muitas
publicam o seu livro em formato digital, fazendo a impressão quando houver
comprador.
Publique-se. Essa não é
uma alternativa fácil. Exige recursos. Editoras pequenas fazem esse trabalho,
com poucas tiragens, 200 a 1000. Até um pouquinho mais, depende da sua grana, é
claro! Cuidado, entregue livro finalizado. Aí, corra até seus leitores.
As
editoras pequenas, com públicos específicos, de nicho, procuram novos
autores, envie seu original. Procure a que se enquadro no seu texto, ok?
As
grandes editoras? Se você for do meio literário, jornalista, artista
já conhecido, professor universitário, personalidade política, celebridade
instantânea ou se algo inusitado lhe aconteceu e foi amplamente noticiado,
talvez publiquem seu livro. Do contrário...
Participe
dos meios literários. Vá a encontros. Participe de leituras e saraus.
Mantenha contato com quem escreve. Nem sempre é fácil. Conviverá com quem
escreve, podendo aprender muito também, criando amizades com quem torcerá muito
por seus textos publicados.
Se
depois de fazer tudo isso o reconhecimento literário não vier? Veja o que
aconteceu ao mestre Philip K. Dick.
Adaptadas
ao cinema, suas obras tornaram-se cult-movies.
Um grande escritor de sucesso? Talvez... Mas veja a lista de suas estórias que foram adaptadas para a telona.
Filmes como Gattaca (Matt Damon), Pi
(Darren Aronofsky) e Matrix (Kanu
Reeves) abordam conceitos já imaginados do autor. Apenas Impostor (Gary Sinise),
arrisca-se a bancar uma adaptação direta.
Experiências reais de Dick, como o divórcio dos pais e ausência paterna, morte prematura das suas irmãs gêmeas, casamentos desfeitos e abuso de drogas, construiram uma personalidade pessimista. O futuro sempre seria pior do que o tempo presente. A Los Angeles de Blade Runner, O Caçador de Andróides (Blade runner, de Ridley Scott, 1982), fria, suja, escura e superpopulosa, era fiel ao pensamento do autor. Nos livros, fica evidente o descrédito no governo, nas autoridades.
Outras
adaptações, Minority Report: A Nova Lei (Tom Cruise); O Vingador do Futuro (Arnold Schwarzenegger); Screamers: Assassinos Cibernéticos (Peter Weller); O Pagamento (Ben Affleck); O Vidente
(Nicolas Cage), O Homem
Duplo (Keanu Reeves); Os Agentes do Destino
(Matt Damon), e muitos outros (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, O Show de Trumam, Clube da
Luta, Donnie Darko e A Origem), são baseados em novelas ou contos de Dick.
Um
sucesso indiscutível certo? Não mesmo. Veja sua árdua jornada como escritor.
Matriculou-se
na Universidade da Califórnia,
onde estudou Filosofia e Alemão, abandonando o curso para trabalhar como disc-jockey
numa emissora de rádio, mantendo, ao mesmo tempo, uma loja discográfica.
Começou
a escrever nesta época, publicando o seu primeiro conto de ficção científica na
revista Planet Stories. Chegou a terminar alguns romances de índole
autobiográfica, mas não conseguiu encontrar quem os editasse. Decidiu portanto
dedicar-se inteiramente à ficção científica, convicto de que este gênero
poderia melhor abarcar as suas especulações filosóficas.
Em 1951, o autor finalmente publicou seu
primeiro conto de forma independente. A
partir de 1955, buscou seu lugar no mercado literário americano ao publicar seu
primeiro livro, “Solar Lottery”, o ponto inicial para as várias histórias de
ficção cientifica que escreveu entre as décadas de 50 e 60.
Em 1962 veio o reconhecimento com prêmio Hugo
(o maior prêmio para escritores de ficção científica ao lado do prêmio Nebula)
com o livro Homem no Castelo Alto, o romance recriava um mundo em que a Alemanha e o Japão haviam vencido a Segunda Guerra Mundial (Leia e veja Fatherland, romance policial de autoria do jornalista e escritor britânico Robert Harris, publicado em 1992,
filmado pela HBO, que no Brasil ganhou o nome de Nação do Medo, com Rutger Hauer). A conquista, no entanto, não prestigiou seu
estilo junto aos grandes nomes do mercado e o autor continuaria obrigado a
publicar seus livros por pequenas editoras.
Agora sim sucesso, não é? Sem o
reconhecimento com escritor, literato, era visto como autor de gênero “pulp”,
descartável. Enquanto vivo, o sistema poderia enquadrá-lo como fracasso!
A consolidação veio somente depois da sua
morte. Suspeito de ter sofrido de
esquizofrenia, mas, capaz de imaginar coisas que hoje se tornaram reais, como a
clonagem e os Big Brothers da vida.
No
fim de sua atribulada vida, Philip K. Dick produziu textos autobiográficos
fantasiosos, descreveu experiências com alienígenas e combates entre o Bem e o
Mal, baseados em preceitos religiosos.
Sobreviveu ao tempo, superou sua geração
abordando temas contundentes. Discutia ética e experiências genéticas,
liberdades individuais e problemas de identidade, controle
de mentes e demais interferências humanas na ordem natural das coisas. Um
visionário.
Em
1976 termina o seu quinto casamento. Phillipe K. Dick tenta se suicidar mais
uma vez sem sucesso. Ele só conseguiria morrer em 2 de março de 1982, por
acidente: Philip Dick morreu de infarto.
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