domingo, 22 de novembro de 2015

Conto - Minha Montanha


Alto da Serra do Mendanha. Atrás, o rio, a cachoeira, as árvores, a estrada, um pai puto e essa merda toda que Ninha não conseguia digerir. Olhou como esse mundo era bonito, para arrumar tanto problema. Lá do alto tudo é fácil, “Porra, porque eu não posso ver o Paulinho?”. Essa faculdade de Psicologia tava foda, deixava ela mais louca do que os que iria tratar. Bom era ouvir ela cantar. “Aqui, com esse eco, minha voz fica por aí, eterna.” “Ninha? Tudo bem?”, Paulinho se aproximou, “Sai daí. Sai da beirada...” “Chega Paulinho. Vou me livrar disso tudo!”, Ninha saltou. Paulinho gritou. Olhando para baixo, o cara procurou o corpo. Ninha não caiu. Subiu e voou. Se elevou acima dessa merda toda. Cantarolou, como pássaro de gaiola quebrada. Foda-se vida estável, pai dominador e o indeciso do Paulinho.

ESCAMBAU MUSICAL: "Feita de Fim", de Ana Cañas 22/11/2015

Conto - O Som

Esse conto tem duas versões, uma pocket e uma completa, a primeira que está aí. Acabei de criar uma lenda sobre um personagem de assustar. Divirta-se com a leitura.

Já estamos em plenos 1934. A seca está aí de novo, castigando a nossa gente. Por conhecer bem o tema, fui enviado novamente ao sertão de Pernambuco. Dá tristeza ver que nada mudou. Ah, mas com certeza, não vou mais lá. Não volto de forma alguma. A história que lhe contarei, ouvi há vinte anos.

Fui cobrir para o jornal Correio Diário de Santa Rita do Diamantino, norte das Minas Gerais. Na época a cidade ainda tinha gado leiteiro e cafezais, mas hoje, depois do que aconteceu, mudou até de nome. Mas isso é outra história.

Ouvi um causo de um vaqueiro velho, lá no sertão de Pernambuco, em 1914, o ano da Grande Guerra. Um povoado do interior do Município de Salgueiro, dentro do distrito de Serrinha, ficava, o que também não existe mais, o ermo e Ipucori. Uma fazenda de gado, roças de mandioca, um garimpo e um pequeno comércio, comandados por um tal de Capitão Bulhões. Esse velho, brabo, gostava de ser chamado de coronel, porque lutou em Canudos. Enfim, esse causo, aconteceu em 1903.

O vaqueiro velho disse que estava presente e tinha sido convidado para o arrasta pé onde tudo se desenrolou, “A rabeca vai canta lá no arraiá dos Seu Graça. Pa mó di que, o fio dele vai pra capitar. Vai se dotô. Seu graça achô um  riacho. Vai começá a prantá. Também vai dá água di graça. Acho que o coroné Buião não vai gostar e vai manda bala.”

Coronel Bulhões era personagem político conhecido no início da República. Tinha um afilhado político na capital. Sua filha, formosa, morava e estudava na capital. O coronel fazia questão, “Ignorantes, são esses amarelos”. Para o coronel Bulhões o povo era só gado. 

No dia em que o gado se reuniu no arraial  do Seu graça, Serra dos Cariri, mugiu bem alto. O coronel Bulhões ouviu e não gostou nem um pouco. O filho do Seu Graça  tinha uma rebeca. Agostinho tocou alto e alegrou um pouco esse povo sofrido da caatinga. Por um dia, a música da rebeca de Agostinho ia fazer o povo esquecer que, quanto mais descia a inchada, mais devia para o Coronel Bulhões. Entretanto, quem gostou mais da música da rabeca foi a filha do Coronel.

Para ser sincero, a sinhá Rebeca era mais do que uma formosura. Ela era linda de mais, a diaba. O rosto de um anjo. Mas o corpo... Nossa Senhora da Conceição, Senhor Jesus Cristo  e Padre Cícero me perdoem.

Foi festa a noite toda. O menino do Seu Graça tocava tão animado que as cordas da rabeca foram trocadas sete vezes. O menino era rápido e a rabeca pegava fogo. Que danado! As estrelas, o luar, todo o povo lá no arraial  dançando, cantando, virando cachaça e... a rabeca pegando fogo!

A filha do coronel só olhava para o Agostinho da Rabeca. A música enfeitiçou a menina. Ela só olhava para o rapaz. Todos viram o amor deles. Já pensou se tivesse casório? O coronel Bulhões ia parar de perturbar todo o povo. Pá! Um estalo. Não era da fogueira.

Seu Graça botou a mão no peito, gritou e caiu. Sangue. Outros sete caíram. Tiro na cabeça. Bala na barriga, perna, braço... era bala para todos lados. Um salseiro daqueles. O coronel Bulhões entrou no meio da festa. Aquele cavalo branco dos diabos. Cheio de jagunços. Rodopiavam com os cavalos. Era garrucha e espingarda atirando para tudo quanto é lado. Ele apontou a arma para Seu Graça, que tentava se levantar, “Tem água para ninguém. Quem quiser tem que comprar”. O povo estava numa carreira só.

Agostinho pegou a rabeca e a quebrou nas costas do Coronel Caxias. O velho se assustou, apontou a garrucha para o rapaz e atirou. “Faz isso não, senhor meu pai.”, foi um tiro, no rosto da menina. “Rebeca, te amo!”, o grito de Agostinho ressoou como uma nota desafinada da rabeca. Só o fogo da fogueira ainda fazia barulho. Os jagunços pararam. Todos pararam. Todos olhavam para o coronel.

Entre eles um caboclo cariri de terno preto abriu caminho, “Sinhô? Vamo sinbora.” Então, de repente o rapazola pegou uma lasca da rabeca, partiu para cima do coronel e enfiou no pescoço do velho. Os jagunços encheram o filho do Seu Graça de balas.

Lá no chão, o rapazola Agostinho, Coronel Caxias e a Sinhá Rebeca.

O caboclo cariri de terno preto gritou que a festa tinha que continuar, “Milagre, minha gente! Água pra todo mundo.” Tirou uma rabeca de dentro do terno preto e deu para o povo tocar, “Põe o sertão para arrasta pé. Pra animá esse sertão.” O caboclo cariri de terno preto foi embora... dançando. Levou, Agostinho e Rebeca, abraçados e deixou por lá mesmo o espírito do coronel Bulhões, perdido. Alma penada pedindo água, sem nunca ser atendido.

Até hoje, quando a seca é forte, casais andando sozinhos, ouvem a música da rabeca. Um cavalo branco montado por um velho barbudo em um terno de linho branco, dando tiros de garrucha, atropela quem se ama. O espírito do coronel Bulhões, com uma venda sangrenta é guiado por um caboclo cariri de terno preto.

Suas vítimas morrem secas iguais a uma bucha, porque o espírito do coronel Bulhões anda por aí roubando até a água do corpo dos vivos e acabando com quem se ama, como Agostinho e sinhá Rebeca.

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Serrinha, Sertão do Cariri, em Pernambuco. Em 1914, ouvi de minha avó uma história, “Se estiver namorando, não vá pelas estradas.” Coronel Bulhões descobriu que Seu Graça achou água. Iam festejar e seu filho, Agostinho da Rabeca, ia ser doutor na capital. Para desgosto do coronel, sua filha Rebeca se apaixonou pelo músico. Coronel Bulhões chegou no arrasta pé para atirar no rapaz, “Faz isso não painho, eu o amo”. O tiro foi na florzinha e Agostinho, acertou a rebeca na cabeça do coronel e o matou. A bala de um jagunço, matou o menino. Apareceu um caboclo cariri de terno preto que disse que o coronel, seria agora, alma penada. Numa cavalo branco e venda sanguinolenta, mataria qualquer casal que encontrasse à meia noite, deixando os corpos sem um pingo d’água. 

ESCAMBAU MUSICAL: "Fiddler on the green", de Demons & Wizards 21/11/201

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O SEU TEXTO É UMA BOA IDEIA?

ALTAS APOSTAS

Está em jogo algo da maior importância — para um personagem, uma família, às vezes uma nação inteira. A vida de pelo menos um personagem destacado corre perigo. O indivíduo em perigo costuma representar não apenas ele próprio, mas uma comunidade, uma cidade, todo um país.

Em muitos grandes romances de mulheres, no entanto, o que está em jogo não é vida ou morte, mas a realização pessoal, como acontece com Scarlett em E o Vento Levou. Essa perspectiva — a consumação ou não de um relacionamento amoroso — possa parecer por si mesma trivial, da vida cotidiana, os desejos, anseios e paixões dessas heroínas recebem de suas criadoras uma intensidade tão vigorosa e inexorável que o que está em jogo para elas parece ao leitor tão poderoso quanto um homicídio ou uma catástrofe nacional.

Ex.:
1- Feliks, O Homem de São Petersburgo, como caçador, se tiver êxito, não apenas mata um homem, mas com isso também impede que a Rússia se alie à Inglaterra contra a Alemanha; salvará assim milhões de seus jovens compatriotas de serem mortos numa guerra insana. Para Lorde Walden e os agentes britânicos que perseguem Feliks, as apostas são altas. Se conseguirem proteger o príncipe russo, não salvam uma vida humana, preservam uma aliança com o Czar, ao mesmo tempo,  salvam sua amada Inglaterra de ser dominada pelo Kaiser.


PERSONAGENS MEMORÁVEIS

Personagens memoráveis. Os personagens na ficção, como na vida, são definidos pelo que fazem, e nos grandes romances os personagens principais fazem coisas extraordinárias.

Ex.:
1-Don Corleone em O Poderoso Chefão deseja um papel num grande filme de Hollywood para seu afilhado. O diretor do estúdio, indignado por ser sutilmente ameaçado, rejeita o pedido. O Don, para demonstrar seu poder e determinação, providencia para que o grande troféu do executivo, um cavalo de corrida vitorioso, seja morto, e sua cabeça cortada posta na cama do homem. Virtual poder absoluto sobre seus parentes, servidores e extensas áreas de empreendimentos ilícitos.

2-E o Vento Levou, Scarlett é apresentada como uma adolescente, volúvel, irreverente, egoísta e mimada. Quando a maré da guerra vira contra a Confederação, e Atlanta, um inferno, está sendo invadida, Scarlett encontra a mãe morta, pai senil, irmãs acamadas, plantação devastada, não há dinheiro, nem comida. Ela, que nunca trabalhara, reúne energia e coragem para arar os campos e obrigar os criados rebelados e as irmãs a ajudarem. Quando um ianque ameaçador invade a casa,tem a presença de espírito de pegar uma pistola, e depois encontra coragem para atirar no ladrão. O meio que lhe ocorre para não perder sua amada plantação, pelo não pagamento de impostos, é persuadir Rhett Butler a casar com ela. Mas não se apresenta como uma suplicante. Ela corta as cortinas de veludo de sua mãe para fazer um vestido, a fim de poder se apresentar a ele como uma rainha concedendo favores.


A QUESTÃO DRAMÁTICA

O personagem conseguirá fazer o que precisa? Conquistará o que necessita? Se tornará e terá seu anseios pessoais realizados? O que ele precisa acontecerá. Como seu aliados colaborarão e seus inimigos o atrapalharão?

A Questão Dramática do início ao fim gira em torno disso. A expectativa crescente, de que o protagonista consiga o que quer, passando por obstáculos e mais obstáculos, até o clímax — o obstáculo derradeiro, o tudo ou nada!

O Protagonista conseguirá ou o Antagonista o impedirá? Sobre os personagens que se opõe, quem vencerá?
À primeira vista podem parecer complicadas.Em E o Vento Levou, por exemplo, seria longa e complexa. Uma análise cuidadosa, revelaria que a Espinha Dorsal — o conflito central persistente, em torno do qual os personagens principais interagem, a questão fundamental que impulsiona e integra suas incontáveis cenas — não poderia ser mais básica e definida. Essa fundação é o fator de suspense, que eu chamo de Questão Dramática.

Ex.:

1- E o Vento Levou há três questões dramáticas: Scarlett conseguirá fazer com que Ashley retribua seu amor? E mais adiante, depois que se torna evidente que Ashley não é o homem certo para ela: Scarlett reconhecerá que na verdade é Rhett quem ela ama? E Rhett algum dia conseguirá conquistar o amor dela?

2- Em O Buraco da Agulha, é o seguinte: Needle conseguirá escapar para a Alemanha com os planos aliados para a invasão no Dia-D, ou os agentes britânicos conseguirão pegá-lo antes?

3- O Dia do Chacal, gira em torno de uma tentativa de assassinar Charles de Gaulle. Aqui, a questão dramática é bem simples: O Chacal conseguirá liquidar o presidente francês, ou o inspetor de polícia, em seu encalço, poderá descobri-lo primeiro, e evitar que isso aconteça?
Não apenas os grandes livros, mas também os romances de gênero e as obras românticas, também são estruturados sobre uma questão dramática expressa: O detetive vai encontrar o assassino? A heroína vai se unir ao homem de seus sonhos? Esses livros carecem de outras características do grande romance.


ALTO CONCEITO

Alto Conceito é questão dramática forte, que possibilita produzir um grande livro. Em essência uma premissa radical ou mesmo um tanto extravagante.

O ponto a ressaltar aqui é que os grandes livros precisam ser construídos sobre situações bastante dramáticas, tramas que incluem ações bizarras e surpreendentes, e que levam a uma vigorosa confrontação depois de outra.

Ex.:

1- Stephen King, é o que autor concebe tramas mais extravagantes. Sua habilidade, por um lado, em recria os diálogos e detalhes da vida cotidiana, e por outro, orquestrar sua história com um nível tão grande de emoção que, apesar dos elementos de fantasia, suspendemos na maior felicidade nossa incredulidade.

2- Pode um jovem advogado escapar de uma firma de advocacia que parece respeitável, mas secretamente lava dinheiro para a Máfia, cujos assassinos liquidam qualquer advogado que sequer fale em tentar se afastar? Temos aí a questão dramática e o alto conceito de A Firma, de John Grisham.


MÚLTIPLOS PONTOS DE VISTA

Envolve emocionalmente o leitor com mais de um personagem. Não é primariamente narrada por um autor onisciente ou por um único personagem no romance, na primeira pessoa, mas, se expressa pelos sentimentos, pensamentos e sensibilidades do núcleo principal personagens. Não é a voz do autor que descreve, em vez disso, somos levados a perceber e experimentar o mundo singular criado através dos próprios sentidos dos personagens. Só seus sentimentos e emoções proporcionam a luz, às vezes distorcida, mas em geral intensa, pelo qual o vemos e aos outros personagens com que se relaciona.

Ex.:

1- Em O Homem de São Petersburgo, Cada capítulo, em sua totalidade ou em parte, é escrito exclusivamente do ponto de vista de um dos quatro personagens principais. A ação de Follett permanece eletrizante, aquele que tem o maior envolvimento emocional, que tem mais em jogo no que está acontecendo. Quando Feliks é perseguido por Londres, com um medo desesperado de ser alcançado, experimentamos a fuga frenética através de sua sensibilidade.

O desenvolvimento da história através dos sentimentos profundos, esperanças e anseios de cada uma dos personagens, com antecedentes e personalidades muito diferentes, proporciona complexidade e riqueza psicológica, um mini-espectro de cores ausente quando, relatada de um único ponto de vista. Como escrever quatro estórias separadas, que a todo instante colidiam em cruzamentos dramáticos essenciais.


CENÁRIO

Os leitores gostam de escapar para as mentes, corações e vicissitudes de personagens fictícios, mas também gostam de ser atraídos para ambientes novos e desconhecidos, até exóticos.

Passamos por lugares de uma forma quase regular, pouco ou nada sabemos sobre bastidores, problemas cotidianos, complexidades técnicas. Acrescentada a uma boa história, essa massa de informações torna-se uma experiência de aprendizado e os leitores são pessoas que gostam de aprender.

Ex.:
1-Em, A Caçada ao Outubro Vermelho, de Tom Clancy, provavelmente contém tantas informações técnicas sobre submarinos e guerra submarina quanto se poderia encontrar num manual da Academia Naval.


ADVERTÊNCIA

Ficção é uma arte, e, não matemática. É possível expor e analisar de uma forma meticulosa os elementos, técnicas e estruturas com que a maioria dos best-sellers foi desenvolvida. Na arte, não há regras precisas. Se um autor é brilhante para fazer com que seu livro dê certo, ignorando o que é aceito como elementos fundamentais do Best-seler, então, tudo bem.

Sugiro vários pontos de vista de personagens para um grande romance, em geral pelo menos três. Dois dos romances mais maravilhosos e bem-sucedidos, Acima de Qualquer Suspeita e O Ônus da Prova, de Scott Turow, foram escritos exclusivamente do ponto de vista de um único personagem.

Para o romance ser grande, o leitor deve ter empatia (ou melhor, gostar intensamente) com um dos personagens principais, até mesmo dois ou três. Em A Fogueira das Vaidades, de Tom Wolfe, linha a linha, seu texto transborda de espírito, insinuações, uma linguagem fresca e brilhante, com uma trama intrincada; o pano de fundo da história, em detalhes reveladores, resumia os excessos da década de 1980. Sua sátira funcionou, e, a regra não.

O que está em jogo na minha história é monumental, pelo menos para meus personagens principais? Estou criando um personagem (ou talvez dois) que seja extraordinário de alguma forma, até memorável? O rumo de meu romance pode ser resumido numa questão dramática simples, mas forte? Minha trama se desenvolve em torno de um conflito de alto conceito, como os que se encontra em quase todos os livros de Sidney Sheldon ou Michael Crichton? Estou desenvolvendo pelo menos um personagem (e de preferência mais de um) com o qual o leitor se tornará emocionalmente envolvido? Estou situando meus personagens num ambiente que é de algum modo insólito ou excitante, um ambiente que fará o leitor sentir que está ingressando num cenário único?



quarta-feira, 25 de julho de 2012

PARABÉNS ESCRITOR! HOJE É SEU DIA.


A um jovem por Carlos Drummond de Andrade

Prezado Alípio:

Ontem à noite, ao sair você de nosso apartamento, aonde veio em busca de sabedoria grega e só encontrou um conhaque e um gato por nome Crispim, assentei de reduzir a escrito o que lhe dissera. Aula de ceticismo?Não. Ele se aprende sozinho. A única coisa que se pode remotamente concluir do que conversamos é: não vale a pena praticar a literatura, se ela contribui para agravar a falta de caridade que trazemos do berço.

Por isso, e porque não adiantaria, não lhe dou conselhos. Dou-lhe anticonselhos, meu filho. E se o chamo de filho perdoe: é balda de gente madura. Pouco resta fazer quando não nascemos para os negócios nem para a política nem para o mister guerreiro. Nosso negócio é a contemplação da nuvem. Que pelo menos ele não nos torne demasiado antipáticos aos olhos de coletâneos absorvidos, Alípio, e saiba que eu o estimo:



I- Só escreva quando de todo não puder deixar de fazê-lo. E sempre se pode deixar.



II- Ao escrever, não pense que vai arrombar as portas do mistério do mundo.Não arrombará nada.Os melhores escritores conseguem apenas reforça-lo, e não exija de si tamanha proeza.



III- Se ficar indeciso entre dois adjetivos, jogue fora ambos, e use o substantivo.



IV- Não acredite em originalidade, é claro. Mas não vá acreditar tampouco na banalidade, que é a originalidade de todo mundo.



V- Leia muito e esqueça o mais que puder.



VI- Anote as idéias que lhe vierem na rua, para evitar desenvolve-las. O acaso é mau conselheiro.



VII- Não fique baboso se lhe disserem que seu novo livro é melhor do que o anterior. Quer dizer que o anterior não era bom.



VIII- Mas se disserem que seu novo livro é pior do que o anterior, pode ser que falem verdade.



IX- Não responda a ataques de que não tem categoria literária:seria pregar rabo em nambu.E se o atacante tiver categoria, não ataca,pois tem mais o que fazer.



X- Acha que sua infância foi maravilhosa e merece ser lembrada a todo momento em seus escritos?Seus companheiros de infância ai estão, e têm opinião diversa.



XI- Não cumprimente com humildade o escritor glorioso, nem o escritor obscuro com a soberba. Às vezes nenhum deles vale nada, e na dúvida o melhor é ser atencioso para com o próximo,ainda que se trate de um escritor.



XII- O porteiro do seu edifício provavelmente ignora a existência, no imóvel de um escritor excepcional. Não julgue por isso que todos os assalariados modestos sejam insensíveis à literatura, nem que haja escritores excepcionais em todos os andares.



XIII- Não tire copias de suas cartas,pensando no futuro.O fogo, a umidade e as traças podem inutilizar sua cautela.

XIV. Procure fazer com que o seu talento não melindre o de seus companheiros. Todos têm direito à presunção de genialidade exclusiva.



XV. Faça fichas de leitura. As papelarias apreciam esse hábito. As fichas absorverão o seu excesso de vitalidade e não usadas, são inofensivas.



XVI. Se sentir propensão para o gang literário, instale-se no seio de sua geração e ataque.Não há policia para esse gênero de atividade. O castigo são os companheiros e depois o tédio.



XVII. Não se julgue mais honesto que seu amigo porque soube identificar um elogio falso, e ele não. Talvez você seja apenas mais duro de coração.



XVIII. Evite disputar prêmios literários. O pior que pode acontecer é você ganhá-los, conferidos por juízes que seu senso critico jamais premiaria.



XIX. Sua vaidade assume formas tão sutis que chega a confundir-se com modéstia. Faça um teste: proceda conscientemente como vaidoso, e verá como se sente à vontade.



XX. Seja mais tolerante com o cabotismo de seu amigo ;que sempre esconde uma deficiência, e só impressiona outros cabotinos.



XXI. Antes de reproduzir na orelha de seu livro a opinião do confrade, pense, primeiro que ele não autorizou a divulgação; segundo que a opinião pode ser mera cortesia;terceiro, que você não admira tanto assim o confrade.



XXII. Quanto ao seu próprio cabotismo, ele esfriará se você observar que na hipótese mais cristã, é objeto de tolerância alheia.



XXIII. Procure ser justo com os outros; se for muito difícil, bondos; na pior eventualidade, omisso.



XXIV. Opinião duradoura é a que se mantém válida por 3 meses. Não exija mais coerência dos outros nem se sinta obrigado intelectualmente a tanto.



XXV. Procure não mentir, a não ser nos caos indicados de polidez ou pela misericórdia. È arte que exige grande refinamento, e você será apanhado daqui a 10 anos, se ficar famoso e se não ficar, não terá valido a pena.



XXVI. Deixe-se fotografar à vontade, sem chamar os fotógrafos; não recuse autógrafos mas não se mortifique se não os pedirem. Homero não deixou cartas nem retratos, Baudelaire deixou uns e outros. O essencial se passa com outros pápeis.



XXVII. Você tem um diário para explicar-se: é assim tão emaranhado? Para justificar-se no futuro:julga-se tão extraordinário?



XXVIII. Trate as corporações com cortesia, pois o mais provável é não ingressar nunca.



XXIX. Aplique-se a não sofrer com o êxito do seu companheiro, admitindo embora que ele sofra com o de você. Por egoísmo, poupe-se qualquer espécie de sofrimento.



XXX. Boa composição moral é a do orgulho e humildade; esta nos absolve de nossas fraquezas, aquele nos impede de cair em outras. Quanto aos santos-escritores é de supor que foram cononizados apesar da condição literária.



XXXI. Seja discreto. È tão mais cômodo!


Além do Deserto e o Desafio da Autopublicação - Érica Bombardi



Além do Deserto (Fatum, # 1) de Érica Bombardi

O mundo de Fatum é iluminado por dois sóis, mas a luz que o aquece durante o dia não espanta as sombras que se arrastam no crepúsculo. As sombras cortam a noite com seus urros de destruição e terror. Nada parece deter sua fúria que afoga o planeta em desertos.

        

O chanceler Tami, nobre da última grande fortaleza, procura o rei fada, sábio que lhe dará a resposta à sua pergunta, a única que importa, como deter as sombras, como restaurar a vida. Mas o destino tem seus caprichos e escolheu se revelar somente a uma pessoa, Thera. E aí há um problema, Thera não se importa com as sombras, ou Fatum, e mesmo assim será arrastada em uma caravana formada pelo jovem Mikail, o felino Oberon, o menino fada Lumi e o velho fada Nadar. Juntos, eles traçarão seus passos em busca de um destino muito maior que o deserto.



Sobre Erica Bombardi

Estudou na USP, no curso de Editoração. Trabalhou na área dentro de editora por mais de 10 anos.

Publicou seu primeiro livro, Além do Deserto, uma aventura de fantasia para jovens, com apoio do Proac. O livro foi produzido inteiramente pela autora, com freelas da super revisora Aline e das ilustrações de capa lindíssimas de Vitor.

Tem projeto de continuar o Além do Deserto, na série Fatum, como livros independentes um do outro, mas com a mesma ambientação no planeta Fatum.

Possuí rascunhos diversos, de vários gêneros e temas. Pretende ir adiante: cortar, rabiscar, amassar, queimar etc.

Escrever nunca esteve em seus planos. É uma novidade que acolhe com muita alegria.



Desafios da Autopublicação

O que estou aprendendo ao me autopublicar (Érica Bombardi)

Vamos imaginar que você esteja planejando lançar um livro de forma independente. Todos estão comentando sobre isso, não? De como é fácil, rápido, lindo. Bem, eu fiz isso e posso dizer que não é tudo de bom, nem de ruim.

Desde meu tempo de faculdade, escuto que a autopublicação é um tiro no pé. Publicar não é difícil, mas sim colocar o livro no mercado. Isso sempre foi verdade, mesmo agora, em nossa época de contatos internéticos. É mais fácil do que antes o era, divulgar sua obra e colocá-la à venda em livrarias, mas não é bolinho, não. Já escutou aquela piada infame sobre como um editor se suicida? Ele pula de cima de seu estoque. Bem, com a autopublicação é o mesmo risco.

Ponto positivo

• Se você não sabe produzir livros, contrate alguém que saiba. Pode não acreditar, mas faz diferença. Um livro bem produzido tem nele trabalho profissional aplicado. No meu caso, eu sempre trabalhei com produção de livros, então realizei a maioria das etapas sozinha, mas, mesmo assim, contratei o serviço de uma ótima preparadora de original e de um ilustrador para a capa do livro. Eu mesma diagramei o livro no InDesign, fiz as leituras, a revisão de provas, composição de capa, textos de capa etc. O legal de você mesmo fazer é que pode escolher exatamente o que quer (isso raramente ou nunca aconteceria se você colocasse o livro em uma editora).

• E-book: o processo para fechar um livro como Epub ou Mobi é bem simples para quem conhece o trabalho. Se você nunca diagramou um livro, contrate alguém que saiba. Fechar um arquivo nesses formatos depende de um arquivo que tenha passado por uma boa diagramação e conhecimento em depurar e corrigir erros em ebook. Eu usei o livro da coleção Ebooks da Bytes e Types e já me bastou.

• Caso você tenha apoio para publicação, tem o diferencial da tranquilidade na publicação e comercialização. Se você não tem pressa para vender, pelo fato de sua tiragem já estar paga, você pode pensar nas melhores formas de colocar sua obra no mercado. Tente obter apoio para publicação. Veja editais do governo e programas de apoio de empresas e centros culturais.

• Você tem a chance de planejar o que fará com sua tiragem. Como o escritor e sua produção ainda são quase desconhecidos pelo mercado, o escritor pode dedicar parte de seus exemplares para divulgação em escolas, bibliotecas, blogues de resenhadores, centros de leitura, mídia etc. Assim, sua obra passa a circular e conquistar novos leitores. Eu, sendo totalmente desconhecida como escritora, enviei meu livro para resenhadores na internet (a maioria deles faz resenha também no youtube), pessoal da mídia, bibliotecas, além de parentes e amigos. Meu foco é o de circular a obra. Como o livro teve apoio do PROAC, 20% da tiragem é doada pela Secretaria de Estado da Cultura para o Programa São Paulo: Um Estado de Leitores. A doação de parte da tiragem não influencia negativamente sobre as vendas.

• Se você não tem muita grana, pode investir em uma produção on-demand. Já tem muita gráfica oferecendo esse serviço. Tenha o livro em papel.

• Sobre divulgação, eu não consegui investir muito. Você pode anunciar em revistas (super caro), em boletins on-line (caro), na TV (impossível), em metrô e ônibus (possível) e na internet (como booktrailer, no facebook, no google etc.). Não é apenas uma questão de desembolsar grana, mas, principalmente, de identificar onde está seu público. E isso é bem difícil. Às vezes, mesmo sabendo onde esse povo mítico está, e investindo pesado (como é o caso de editoras), você não obtém retorno significativo. No meu caso, quando editora, já vi um investimento que não teve um bom resultado. E no meu caso como escritora e editora indie, aproveitei os recursos que tinha em mãos: fazer blogue com material sobre o livro (inclusive planejamento de leitura para ser usado em sala de aula), página no facebook para compra do livro, twitter, ter um canal no youtube, mailing pessoal para envio de e-mail e um booktrailer. O meu maior investimento foi o booktrailer (http://www.youtube.com/watch?v=byOVx6uLhFc , produção da Animar Estúdio e narração de Arthur) e já percebi que foi ele que mais conseguiu chamar a atenção do pessoal.

• Ainda sobre divulgação, não imagine que, colocando seu livro em uma editora tradicional (que não cobra pela produção) ou em uma editora que cobra, você terá uma divulgação grande. Não terá. A editora te oferece um lançamento como cortesia e o diferencial é que seu livro fica no catálogo dela. Mas, até aí, colocar o livro no mercado é um trabalho árduo que nem toda editora realiza dedicando a mesma atenção a todos os títulos de seu catálogo.

• Você vai conhecer muita gente legal, que te dá uma chance, lê o que você escreve e te incentiva a progredir e caminhar. Faça novas amizades e converse, troque experiências. O mercado editorial não é fácil e não te dá dicas.

Ponto negativo

• Caso você não tenha apoio para publicação, você terá de pagar por todo processo, o que é bem custoso. A produção e impressão de uma tiragem de 1500 exemplares, por exemplo, dificilmente sai por menos de 10 mil reais. É muita grana.

• Se você optar pela impressão on-demand, você não circula sua obra pelo mercado. Ou seja, só pede teu livro quem te conhece. E quem te conhece? Aqui, a melhor opção é se ter em casa uma tiragem mínima, uns 300 exemplares.

• A colocação em livrarias é bem difícil, mas não impossível. Basta você procurar o site da livraria e telefonar. Fale com o responsável pelo setor de compras. Normalmente, a livraria fornece uma nota fiscal ou ela pede para que você o faça. Você tem Nota Fiscal de circulação de produtos ao se cadastrar na Secretaria da Fazenda de sua cidade (pode ser MEI) ou pode fornecer Nota Fiscal Avulsa. A dificuldade que pode haver é que a maioria das livrarias quer Nota Fiscal Eletrônica e o processo todo é bem moroso.

• A colocação em distribuidores é quase impossível. Todos com os quais conversei até o momento só aceitam representar editoras com catálogo sólido. A colocação de um livro em um distribuidor é bem importante, uma vez que eles levam o livro até vários postos comerciais de um estado e, até mesmo, podem entrar em licitações de compra de governo. As compras de governo são o sonho das editoras e escritores.

• O mercado para ebooks atualmente é muito pequeno. Mesmo que você feche seu livro em Epub e Mobi, terá pouca ou nenhuma venda. O livro em papel é ainda bem mais consumido e lido.

• Você vai conhecer muita gente legal, mas muita gente que verá em você uma chance de aparecer. Cuidado. Uma coisa é resenharem Clarice Lispector, e outra é você. Além de você ainda ser verde como escritor (como é meu caso), você pode ser mais duramente criticado pelo simples prazer que outros têm em fazê-lo. Mas não despreze nenhuma crítica, todas são bem-vindas. Um escritor cresce sendo humilde e persistente.

• Tem tanta Feira e Festa do livro, bate-papos, é fácil participar. Mentira. Não pense que você vai vender na Bienal ou na Flip. Não vai. Para cada evento, você terá de encontrar um livreiro que aceite levar seu livro para ser vendido. Não é impossível, mas demanda tempo e paciência.

Chegando a algumas conclusões

• É sempre melhor tentar colocar sua obra em uma editora tradicional. Uma editora que não cobre pela produção e te dê 10% de sua venda. Assim, você, escritor, pode fazer o que gosta (escrever) e não lidar com burocracias comerciais e financeiras. Se uma editora assim aceitar publicar sua obra, comemore e vá fundo.

• Você deve pesar muito bem a opção de colocar sua obra em uma editora que cobre pela produção. Se você sabe diferenciar um trabalho bem feito, não tenha medo. Mas tenha em mente que você irá pagar duas vezes, uma vez ao cobrir todos os custos e depois ao receber apenas 10% (ou menos) do que a editora vender. A tiragem, apesar de paga por você, não é sua. Avalie o catálogo da editora e pesquise se os livros dela estão bem colocados em livrarias e distribuidores. Encontre os escritores que já publicaram nela – é fácil achar qualquer um no facebook, Orkut, twitter, skoob etc. – e converse com eles, pergunte se gostaram, como foi. Há boas editoras sob demanda, procure.

• É essencial buscar informação sempre. Informação sobre livrarias, tecnologia, propaganda, escritores de sua área, feiras e eventos, enfim, sobre tudo.

• Uma amiga me disse que todos somos vendedores. O escritor precisa exercitar seu lado vendedor? Não sei. Ainda sou reticente sobre isso. Tenho a romântica ideia de que o escritor tem é de escrever. Mas e daí? Vai viver do que? Da boa-vontade do Estado, de mecenas, ou contando com a sorte? É, um escritor não vai viver do que escreve. Raros são os casos em que tudo dá certo. Então tenha sua profissão ganha-pão e escreva no tempo que você fizer sobrar.

• Propaganda é a alma do negócio. Costumo dizer que negócio não tem alma, mas, enfim, a propaganda é o diferencial. São muitos textos na internet, nas livrarias, nas bibliotecas e nós não somos um país com tradição de leitura. Quem se destaca, vende. Mas, escritores que já estão há muito nessa lida me disseram que o que conta é a propaganda boca a boca e a sorte. Bem, boa sorte a todos nós, então.

Vários amigos me disseram que o ideal é que os escritores fossem mais unidos, trocassem experiências e propiciassem um meio em que houvesse circulação de notícias e informações. Eu acho isso bem difícil e, na real, não sei como fazer, mas tenho algumas sugestões:



·         Monte sua editora com amigos escritores. Exemplos de sucesso são a Não Editora, a Tarja, a Edith. Mas para dar certo é imprescindível a atuação obsessiva de todos. Além de dinheiro, óbvio. Por baixo, uma empresa recém-aberta tem o custo de uns mil e quinhentos só por estar aberta. Some a isso todos os outros custos de serviços e produtos.


·         Se você é escritor e tem um blogue de resenhas, passe a resenhar escritores nacionais conhecidos ou não. É o início de circulação de informação e valorização de nossos artistas.


·         Crie diálogo constante com outros escritores. Escritores têm de se unir mais. Não ter medo de conversar.
o Compartilhe o que aprendeu, seus erros e acertos.

Saudações literárias, Érica Bombardi




AQUELA BOA IDÉIA NÃO VAI PARA O PAPEL? PERGUNTE. INSTIGUE A CURIOSIDADE E DÊ VIDA ÀS SUAS ESTÓRIAS!


Exercícios Simples para Escrita Criativa e Projeto de Literário

Turbine seu Processo Criativo de Escrita
Quando esse processo se tronar comum, virará um hábito. Já pensará em seus textos com um método. Vai se tornar uma mania. Está preparado para terminar todos textos? Afinal, é isso o que você quer!

Aguce a sua curiosidade para ter mais ideias quando escrever seus textos.

Mesmo que as ideias para textos estejam por todos os lados, pulando em nós, às vezes ficamos meio perdidos, sem saber o que fazer.

Pesquisamos assuntos, temas, enredos, plots, personagens marcantes, juntando tudo numa estória descrita numa escrita única, que tenha a nossa marca.

E quando essas pesquisas não produzem o resultado desejado?

Instigando a curiosidade da maneira correta as ideias podem continuar numa torrente? Como fazer isso da maneira correta, para que o fluxo de ideias seja aproveitado? Principalmente num texto apresentável.

Boas ideias para escrever podem vir de simples perguntas. Por incrível que pareça grandes ideias e textos surgem de perguntas simples. Quem? O quê? Onde? Quando? Por quê? Como?

Usar essas simples, mas, importantes perguntas para instigar sua curiosidade, criará, quase que automaticamente, respostas. É como um jogo de ping-pong, resposta e pergunta. Será levado a novas ideias e textos, simplesmente respondendo a questões simples, que instigam a curiosidade, revelando grandes estórias.

Curiosidade é uma Arma que Salva o Escritor
Olhamos o mundo ao nosso redor, cheio de espanto e maravilhas, certo? Então, nos perguntamos, “Por quê?”. Todo escritor é curioso por natureza.

Quem são essas pessoas? O que estão fazendo aqui? Para onde vão? Por que fazem as coisas que fazem? Como vão atingir os seus objetivos?

Você se lembra como era curioso na infância? Tudo o que você encontrava gerava uma série de perguntas. Tentava aprender e compreender o mundo ao seu redor. Debruçava-se em livros, enciclopédias e vivia perguntando a qualquer adulto que sentisse que sabia alguma coisa, “Por quê?”.

Traga esse sentimento de volta. Essa curiosidade que toda criança tem em imaginar respostas e descobrir, e você não vai mais precisar procurar muito para ter suas ideias inspiradas.

Perguntas e Ideias para Escrever
Estimular a curiosidade gera uma fonte de ideias. Não importa qual seu estilo de escrita ou qual gênero preferido.  Ao introduzir essas intrigantes e instigantes questões, você vai, com certeza pedir um refresco. Por quê? Você vai se sobrecarregar de inspiração!

Trouxe umas perguntas para você. Intrigantes e instigantes, vão criar muitas ideias de escrita. Assim espero! Misturá-las, mudá-las e chegar a sua própria, acontecerá com o tempo e necessidade. Divirta-se. Escreva!

1)Quem?
·         Sobre quem e o que é essa estória?
·         Quem é “o personagem principal”? (Quais características o tornam forte e especial?) Quem é seu inimigo?
·         Quem inspiraria um poema que se adequaria ao personagem?
·         Quem é o personagem?
·         Quem ou o que merece os cuidados e atenção do personagem?

2)O quê?
·         O que esse personagem tem como objetivo/sonho/plano (Amoroso, material, profissional, sentimental, pessoal, espiritual.)?
·         O que um poema/música pode dizer sobre a estória? (Isso mesmo escreva um poema/música.)
·         O que pode ser agregado nesse projeto? (Assunto, tema, ideia, conceito, debate).
·         O que motiva as pessoas a tomarem medidas drásticas?
·         O que aconteceria se...

3)Onde?
·         Onde posso sentir o poema/música criado ou relacionado para a estória: cabeça, coração ou mãos?
·         Onde tudo começou? (Pode remontar até mesmo antes dos personagens se relacionarem com a estória.)
·         Onde os personagens acabam?
·         Onde a estória aconteceu? (Cenário, locais, construções, espaços abertos, etc.).
·         Onde os personagens gostariam de estar e chegar? (Se, “Chegassem lá.”).

4)Quando?
·         Quando o personagem deixa de ser criança e se torna adulto? (Desconhecimento para esperteza; ingenuidade para compreensão; fim da ingenuidade.).
·         Quando as coisas mudaram para o personagem?
·         Quando a estória aconteceu? (Sobre o espírito da época, relacionando com outros acontecimentos, cotidiano, política, economia, cultura, etc.).
·         Quando essa estória deve terminar?

5)Por quê?
·         Por que essa estória deve ser contada? (Singularidade e abordagem única de assuntos ou elementos.)
·         Por que o antagonista se opõe ao protagonista (O vilão é mal por quê?)
·         Por que o mundo é assim?
·         Por que o personagem age, pensa e sente dessa forma?
·         Por que assumir grandes riscos?

6)Como?
·         Como o personagem se sai nos desafios enfrentados na estória?
·         Como as pessoas se sentem sobre a estória?
·         Como os personagens se conhecem/conheceram?
·         Como o protagonista ou demais personagens alcançaram sua(s) metas?
·         Como seus personagens descrevem coisas além do que o conhecimento estabelecido?  (Sobrenatural, transcendental, especial, etc.).

Continue se Perguntando
Mantenha a curiosidade ardendo e se perguntando o tempo inteiro.  Descobrirá que o seu caminho da escrita será aberto com respostas. Assim você descobrirá novas ideias e textos nessa jornada de escrita. É divertido e um estilo de vida.

Use as perguntas como um exercício de escrita criativa. Podem ser usadas como temas específicos dentro do processo criativo de escrita. Qual parte o se projeto está? Coloque as perguntas e comece a escrever. Outra dica legal é colocar as perguntas em cartões em um bloquinho de notas, marcar as perguntas que estão sendo respondidas de acordo com a fase que seu texto se encontra. A textura do papel ainda tem o seu charme! Escolha uma pergunta ou uma bateria de perguntas por página.

Conforme você for trabalhando em seus projetos perceberá que as perguntas são muito eficazes para vencer bloqueios, descobrir novas ideias e avançar pelo texto. Não sabe como mover uma trama para frente? Comece fazendo perguntas. Não sabe como fazer um personagem crível? Faça perguntas. Quer escrever um texto que diverte e faz pensar? Comece a perguntar até chegar onde quer.